0 ato público da iniciação, a famosa Saída de Iawò, pode ser entendida pela lógica da vida intra-uterina e do nascimento. A saída reconstitui essa etapa da vida. Na primeira saída os noviços vestem roupas coloridas e vistosas, são pintados com Efun, levam Ocodidé e 0sú, por isso nessa saída Òsun deve ser evocada. Ela representa a guerra que acontece no útero, quando os esperma-tozóides travam uma verdadeira batalha para que um, o vencedor, instale-se no óvulo e dê origem ao embrião, portanto, a vida começa com guerra. Então a paz e o acon-chego do feto no ventre materno são repre-sentados na segunda saída, que é consagrada a Osalá.
A última saída é justamente o momento mais esperado. Assim como a vida de uma criança começa a partir do momento em que ela se anuncia para o mundo através do choro. Da mesma forma, quando o Orisá anuncia o Orunkó (nome) de seu filho em público, passa a contar sua vida dentro do Asé. Somente após esse ritual, o Orisá ricamente
 


chama-se Òsun que nos proporcionou tantas coisas boas no decorrer do ano, pois Òsun é a dona do Asé, a força mágica sagrada que percorre o mundo e ativa a relação entre os homens, os deuses e a natureza.
Todas as coisas que simbolizam Òsun remetem à idéia de fecundidade. Os peixes ou os pássaros, através das escamas e das penas, evocam a multidão dos seus descendentes. 0 ovo é símbolo de gestação, por isso pertence a Òsun que é, essencialmente, símbolo de fecundidade.
São 16 as qualidades de Òsun, as mais velhas residem nas profundezas dos rios e as mais novas nas partes superficiais. Apará é a mais jovem e a mais guerreira, tão feroz que e capaz de beber o sangue de seus inimigos. Yèyé karè também é muito guerreira mas sua arma é um ofá (arco e flecha). Yèyé Ipondá é a mãe de Logun Edé e com sua espada guerreia bravamente. Òsun Ajagira e Yèyé Oníra também são guerreiras. Yèyé Oké é caçadora e guerreira, foi esposa do mais velho Osóssi que existe e criou os filhos que lansã teve com seu marido, aliás só permitia que Oiá tratasse de seus filhos quando eles adoeciam.

vestido e paramentado vem tomar o Rwm (dançar), afinal ninguém nasce vestido de rei e rainha.

Portanto, a sequência guerra, paz, nascimento e riqueza corresponde à lógica (tendo por base o nascimento) que a saída de um Iawò deve obede-cer e sempre deve se cantar para Òsun depois que se canta para a esteira (enin) e para o Oco-didé, ainda na primeira saída, pois é ela que concebe a vida em todos os sentidos. Para Osalá, o senhor da paz e da tranquilidade, canta-se na segunda.
Òsun é o amor, em todas as dimensões que este sentimento abrange, seu poder é tão grande dentro do Candomblé que ela é capaz de engolir o Ajé (força negativa). 0 ovo, símbolo de gestação, fertilidade e criação que pertencem a Òsun, é a única coisa que quebra o Ajé.
Todos os Candomblés têm por obrigação cultuar Òsun e agradar as águas. Devem agradecer através de oferendas e presentes a esta energia que mora nas águas doces e

  N as nascentes dos rios reside Yèyé Odó. Òsun Ijìmú é a rainha de todas as ósuns com
Àyàlá, que também foi esposa de Ògún Alagbdé e é conhecida como a "avó" que tocava música num fole para fazer dançar Egúngún, mantén estreita ligação com as lyámi (nossas mães queridas, as famosas feiticeiras). Òsun Abalò é a mais velha de todas, outra Òsun velha, e briguenta, é Yàyé Ogá. Yèyé Merin é feminina e elegante. Òsun Gbo é a padroeira da cidade de Osogbò e padroeira das mulheres parturientes. Yèyé Olóko vive na floresta. Além dessas existem Yèyé lpetú e Òsun Pòpólokum, cultuadas nas lagoas e, dizem, não sobem a cabeça das pessoas. Esses nomes podem variar da África para o Brasil, mas todos concordam que existem 16 qualidades de Òsun.
0 abebé, leque com espelho, é comum a todas as qualidades de Òsun. Embora seja o símbolo da vaidade dessa deusa, na verdade, é muitas vezes usado como uma arma de guerra; Òsun colocando-o contra o Sol, ofusca a visão dos inimigos.
Certa vez, convidada para ir à guerra, Òsun foi se aprontar: tomou banho, penteou os cabelos,