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Mãe Kutu, preparada
na Casa Branca,
avisa: "Se não vai
cumprir a obrigação
é melhor não
consultar os búzios". |
A sabedoria da morte e da advinhação
Como toda religião, o candomblé tem sua maneira própria
de encarar a morte. Segundo a crença, a alma vive no Orum, que corresponde,
mais ou menos, ao céu dos católicos. Ela é imortal
e faz várias passagens do Orum para a vida terrena. Cada um tem controle
sobre essas "viagens": quem tem uma boa experiência em vida,
pode escolher um destino melhor, na vinda seguinte.
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Aqui na terra, nada que se refira aos deuses
e ao futuro pode ser dito sem a consulta ao Ifá,
ou seja o jogo de búzios, conchas usadas como oráculo. O Ifá
revela o orixá de cada um e orienta na solução de problemas.
O jogo usa dois caminhos, a aritmética e a intuição.
Pela aritmética, é contado o número de conchas, abertas
e fechadas, combinadas duas a duas. Para interpretar todas as combinações
possíveis dos búzios, o pai-de-santo conhece de cor 256 lendas
que traduzem as mensagens dos deuses. Isso não é nada raro
no candomblé, onde nada é escrito. Toda a sabedoria é
transmitida oralmente. |
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No outro sistema de adivinhação,
o intuitivo, o pai-de-santo estuda a posição dos búzios
em relação a outros elementos na mesa, como uma moeda ou um
copo d'água. Se o búzio cai perto da moeda, por exemplo, pode
indicar que não há problemas com dinheiro. Mas é preciso
estar preparado: os orixás vão "cobrar pela consulta"uma
obrigação. Mãe Kutu, que foi formada pela Casa Branca
e está montando seu próprio terreiro, diz: "Se não
vai fazer a obrigação, é melhor nem perguntar aos búzios." |
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