da casa e fertilizar o solo, afinal
a água não precisa ser festilizada porque ela é a
própria vida.
Muitos
sacerdotes não raspam os filhos de Nàná devido à
dificuldade e aos rituais extremamente complexos que envolvem sua iniciação,
mas também por serem considerados seres privilegiados, que estão
acima dos rituais de iniciação, pois ter Nàná
como Orisá é uma dádiva, ou ainda por medo, porque
Nàná tem seus fundamentos na nação jeje, possui
um "carrego" muito pesado e não admite qualquer falha
ao cumprimento de seus preceitos.
Todos, independente do Orisá ou do tempo de iniciação,
deve curvar-se diante de Nàná, quando o nome de Nàná
for pronunciado é obrigação de qualquer fiél
do Candomblé levar sua mão à terra e cruzar o seu
Ori (cabeça).
Nàná pode ser a lembrança angustiante da morte na
vida do ser humano, mas isto para aqueles que encaram este final como
algo negativo, como um fardo extremamente pesado que todo ser carrega
desde o seu nascimento.
Na verdade, apenas as pesooas que têm o coração repleto
de maldade e dedicam sua vida a prejudicar o próximo preocupam-se
com isso, aqueles que praticam boas ações, vivem preocupados
com o seu próprio bem, com a sua elevação espiritual
e desejam ao próximo o mesmo que para si, só esperam da
vida dias cada vez melhores e têm a morte como algo natural e inevitável
na vida de todo ser; a sua certeza é a evolução e
a imortalidade de seu espírito.
Ninguém, jamais, deve jogar pragas ou desejar o mal ao próximo,
pois tudo é dividido, portanto, quem desejar e praticar o bem será
sempre feliz, afinal quem planta uma boa semente colhe frutos sadios.
Nàná está encarregada de cobrar a dívida de
nossas vidas, e ela é implacável, seus castigos são
como as chuvas de verão: tardam, mas não falham.
Todo ser humano deve saber que a ganância não leva a nada,
desse mundo só se leva o que se trouxe, a vida, que é dada
e tirada por Nàná. Todos nascem predestinados a voltar.
Ao nascer a criança chora, isto é uma obrigação
da vida, da
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dor de vir à Terra e do peso
da certeza de que veio mas voltará. Viver-se-á com dignidade
saudando e respeitando Nàná, para que ao final Nàná
receba o espírito com a consciência da evolução
para encarnações futuras.
Nàná, a mãe maior, é a luz que nos guia, o
nosso cotidiano, se se conhece a própria vida e o próprio
destino se conhece Nàná, pois os fundamentos dos Orisás
e do Candomblé estão ligados à vida. A nossa vida
é o nosso Orisá.
Nàná foi a primeira esposa de Osalá, tendo perdido
o seu grande amor para Yemanjá. A lenda conta que a grande paixão
de Yemanjá era Osalá, marido de Nàná. Residindo
na casa dos dois, quando Osalá viajou, ela arquitetou um plano
para tomar o marido de Nàná.
A
conselhada por Yemanjá, Nàná
foi banhar-se por sete dias nas águas sujas do lago que existia
do lado de fora do palácio. Com a esperança de se revigorar
e agradar o marido, Nàná permaneceu ali entre as cobras
e as rãs, enquanto a astuta Yemanjá cantava feliz e perfumava-se
para esperar Osalá.
Retornando, Osalá perguntou por sua velha companheira e Yemanjá
lhe disse que Nàná estava ficando velha e louca. Em seguida,
Yemanjá levou-o até o lago para que visse a esposa banhando-se
naquela água. Ao presenciar tal cena Osalá constatou que
Nàná estava ficando velha e, além de tudo, suja e
louca. Preferiu então, ficar com a jovem e perfumada Yemanjá.
Outra lenda de Nàná
e Osalá conta que este, disfarçou-se de mulher para tomar
de Nàná o domínio sobre o país da morte. No
entanto, até hoje Nàná é saudada como a senhora
da morte e Osalá, por causa desse episódio, foi obrigado
a usar para sempre saia e adê. Nàná não roda
na cabeá de homem. Aliás, Nàná abomina a figura
masculina, pois o homem através do espérma, líquido
que é símbolo de Osalá, semeia o óvulo e gera
uma nova vida. Nàná é a morte, não Esú,
mas a morte que reside no âmago da vida, que possibilita o renascimento.
A vida e aquilo que a representa: o esperma (homem), o sangue são
considerados tabus para Nàná.
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