Mãe Mirinha do Portão
(Do livro BAHIA DE TODOS OS SANTOS guia de ruas e mistérios de JORGE AMADO e ilustrações de CARLOS BASTOS – Distribuidora Record de Serviços de Imprensa S.A. )
Mirinha do Portão, filha-de-santo de João da Goméia, há muito com terreiro próprio, onde cultua orixás e caboclos, na localidade de Portão, situa-se hoje entre as mais comentadas mães-de-santo no cxomplexo mapa das religiões de origem africana sincretizadas em terras da Bahia com o catolicismo e as tradições indígenas. Candomblé de caboclo, o de Mirinha está entre os mais famosos, e a iyalorixá entre aquelas que rapidamente se afirmaram como capaz e correta no exercício de seu sacerdócio, ganhando de logo popularidade e conceito.
Da Goméia, ela trouxe para seu terreiro, em Portão, o caboclo Pedra-Preta, aquele que comandava o brilhante e perturbado destino de Joãozinho. Mirinha, tão carregada de responsabilidades, é pessoa das mais amáveis e simpáticas que eu conheço. Sendo uma rainha da Bahia, é modesta e simples. Mas sabe comandar. Quem não tem o dom do comando não pode ser mãe-de-santo. Ao lado de Mirinha, seu braço direito, encontra-se o marido, de apelido Garrincha, habilidoso artesão de objetos do culto e de figuras de orixás. Seus Exus são curiosíssimos.
Mirinha reina mais além do aeroporto, sobre as praias maravilhosas e as civilizadas margens do rio Joanes. Quem quiser vê-la e consultá-la é só perguntar como se vai a Portão, não é longe. Lá chegando, todos sabem onde fica o candomblé de Mãe Mirinha. Ela receberá o visitante com um sorriso e uma palavra de amizade.