(Do livro "Mural dos Orixás" de Caribé e texto
de Jorge Amado - Raízes Artes Gráficas)
Orixá das águas, deusa
do rio Iewá. Santa guerreira, valente. Roupas vermelhas, usa espada e brajás
de búzios com palha da costa. É dos orixás mais belo. Gosta de pato, também
de pombos.
( Do livro "Iconografia dos Deuses Africanos no Candomblé da
Bahia " Aquarelas de Caribé e Texto de Pierre Verger e Waldeloir
do Rego - Editora Raízes Artes Gráficas - 1980 )(Mitos
e Ritos Africanos da Bahia - Waldeloir do Rego)
Yewa é a divindade do rio Yewa. Na Bahia é cultuada
somente em três casas antigas, devido à complexidade de seu ritual.
As gerações mais novas não captaram conhecimentos necessários
para a realização do seu ritual, daí se ver, constantemente,
alguém dizer que fez uma obrigação para Yewa , quando
na realidade o que foi feito é o que se faz normalmente para Osun
ou Oya.
O desconhecimento começa com as coisas mais simples como a roupa que
veste, as armas e insígnias que segura e os cânticos e danças,
isso quando não diz que Yewa é a mesma coisa que Osun,
Oya e Yemoja.
Yewa usa ofa que utiliza na guerra ou na caça. No seu ritual
é imprescindível, dentre outras coisas, o iko (palha da
costa), existe mesmo um ese Ifa do odu Otuamosun, que fala de
Yewa saindo de uma floresta de iko (22).
O seu grande ewo (coisa proibida) é a galinha. Corre a lenda entre
as casas antigas da Bahia que cultuam Yewa, que certa vez indo para o
rio lavar roupa, ao acabar, estendeu-a para secar. Nesse espaço veio
a galinha e ciscou, com os pés, toda sujeira que se encontrava no local,
para cima da roupa lavada, tendo Yewa que tornar a lavar tudo de novo.
Enraivecida, amaldiçoou a galinha, dizendo que daquele dia em diante
haveria de ficar com os pés espalmados e que nem ela nem seus filhos
haveriam de comê-la, daí, durante os rituais de Yewa, galinha
não passar nem pela porta. Verger encontrou esse ewo na África
e uma lenda idêntica (23).
Na Nigéria, Abimbola publicou um itan Ifa (história de
Ifa), falando que de carta feita estando Yewa à beira do rio,
com um igba (gamela) cheio de roupa para lavar, avistou de longe um homem
que vinha correndo em sua direção. Era Ifa que vinha esbaforido
fugindo de iku (a morte). Pedindo seu auxílio, Yewa despejou
toda roupa no chão, que se encontrava no igba, emborcou-o em cima
de Ifa e sentou-se. Daí a pouco chega a morte perguntando se não
viu passar por ali um homem e dava a descrição. Yewa respondeu
que viu, mas que ele havia descido rio abaixo e a morte seguiu no seu encalço.
Ao desaparecer, Ifa saiu debaixo do igba e Yewa, levou-a
para casa, a fim de tornar-se sua mulher (24).
(22) - William Bascom, Ifa Divination/Communication between Gods and Men in
West Africa, Indiana University Press, Bloomington London, 1969, pag. 444-445.
(23) - Pierre Verger, Notes sur le culte des Orisa et Vodun à Bahia,
la Baie de Tous les Saints, au Brésil et a l'ancienne côte des
Esclaves en Afrique, IFAN, Dakar, 1967, pag. 295.
(24) - Wande Abimbola, Sixteen Great Poems of Ifa, Unesco, 1975, pag. 135-155.
FERRAMENTAS DE EWA
![]() |