Por meses, o noviço só come com as mãos
Os filhos-de-santo são os sacerdotes dos orixás,
da mesma forma como, na Igreja Católica, os padres são os representantes
de Deus. Nem todos, porém, são preparados para "receber"os
santos. Existem os que cuidam dos filhos-de-santo quando os orixás "baixam",
os que sacrificam os animais, os que tocam os atabaques e os que preparam a
comida. Os búzios, usados como instrumento de adivinhação,
é que vão dizer qual a função de cada um.
A entrada para essa hierarquia é a indicação do orixá.
É o que se chama "bolar no santo". A partir daí, o abiã
(noviço) tem de se submeter aos rituais de iniciação -
cerimônias do bori, orô e saídas de iaô.
Um recém-iniciado passa de um a seis meses vivendo dentro de severas
restrições. É o tempo de quelê - o período
em que o abiã usa um colar de contas justo ao pescoço. Enquanto
usar o quelê, ele deve vestir branco, comer com as mãos e sentar-se
só no chão. Estão proibidas as relações sexuais
e os pratos que não sejam os de seu orixá.
Nem todos os terreiros seguem à risca todas as imposições.
Mas pelo menos algumas têm de ser obedecidas: é parte do compromisso
do abiã com seu orixá e seu pai ou mãe-de-santo. As obrigações
não terminam por aí: o iniciado, que agora se chama iaô,
terá de cumprir ainda três tiruais - depois de um ano, três
anos e sete anos - , com sacrifícios, toques e oferendas. Só depois
ele pode se candidatar a ebômi, o grau seguinte da hierarquia.