cerimônia de águas de Osalá. Todos que participam chegam na véspera à noite. No maior silêncio, os participantes de branco, vão todos antes da aurora pegar água na fonte. De cabeças cobertas formam um cortejo por ordem hierárquica, dos mais velhos até os mais novos. As duas primeiras são derrama-
das sobre o axé de Osalá como lembrança das pessoas do reino de Oyo, que foram em silêncio, vestidas de branco, buscar água para Osàlufan se lavar. A terceira vez, ao nascer do dia, os vasos são enchidos d'água e arrumados em volta do Ibá, a proibição de falar é sustada. Os atabaques acompanham as cantigas. Transes de possessão se produzem entre os participantes, como testemunho de satisfação ao deus.
No terceiro domingo, finalizando o cíclo das
  cerimônias, é chamado PILÃO DE OSÁGUIAN, que invoca preferências gastronômicas deste Orixá. As distribuições de comidas são realizadas em seu nome, a fim de festejar a volta de seu pai. Neste dia, a procissão leva ao barracão pratos contendo inhames pilados, milho cozido sem sal, sem azeite de dendê, cominho da costa e pequenas varas de atori (içã), que são entregues aos Oxalás manifes-tados. As pessoas ligadas ao terreiro e os visitantes importantes formam uma roda. Os dançarinos dançam curvados diante dos Orixás. Estes Orixás dão na passagem um ligeiro golpe de vara. Por seu lado, os que foram assim tocados, dão e recebem o odaré, golpes de varas da assistência. Há nesta parte um ritual, lembranças da luta de egigbo na festa de Oságuian.

 

OSÁGUIAN

 

É o filho de Osàlufan, considerado o Osalá novo, aquele que carrega a espada e o escudo e é muito confundido com Ògún. Por ser um Orixá Fun Fun (branco), ele é muito guerreiro. É também um Orixá enganador, porque sempre mostra as duas faces: a guerra e a paz. Oságuian é considerado um Orixá de alimentos brancos (inhame - insu), mas ele também esconde o lado vermelho da espiritualidade. É muito

 
arteiro, muito teimoso, engana até a morte. Traz no seu bojo um grande carrego espiritual e os babalorixás têm que ter bastante cuidado para cultivá-lo, justamente pelas duas faces que tem,
É considerado o Santo das derrotas, das lutas, das batalhas, das guerras, mas também considerado um Orixá que traz muita vitória quando resolve vencer suas demandas.