S àngó
é o símbolo do rei Deus em Benin. É o deus do raio
e do trovão. Contrariamente a Ògún (Deus dos Ferreiros)
que emprega o fogo artificial, Sàngó manipula o fogo em
estado selvagem, o fogo que os homens não sabem utilizar.
Deve-se pedir as coisas a Sàngó com muita cons-ciência,
pois é também o deus da justiça e ele fará
com que ela se cumpra.
Circulam a seu respeito, às vezes, contradições,
mas todos são unânimes em reconhecer seu caráter violento,
impetuoso, autoritário e fogoso. Mesmo se ignoradas em seus detalhes,
as astúcias, constatamos que sua magia profunda consiste em suprir
a tempo os acontecimentos que se superpõem, ao invés de
desenrolarem-se ao longo de um tempo linear e irreversível, ao
longo de um tempo mensurável. Seu tempo não tem começo
nem fim, é um tempo reversível que supre sua duração.
SÀNGÓ pode estar morto no rio e ao mesmo tempo estar vivo
diante do rei. Está morto e morto está vivo, nele as oposições
existem simultaneamente. Para o ser humano tal situação
é ambígua e fora de lógica, dois termos contraditórios
excluem um ao outro na sincronia. Na lógica de Sàngó
os dois coexistem, pois é caracterizada pela sincronia e pela intemporalidade.
Mortal em seu corpo, imortal em sua essência, o OBA de BENIN é
o único soberano de dupla natureza: humana e divina. Como persongem
histórico, Sàngó teria sido o terceiro Aláàfìn
Òyó (rei de ÒYÓ), filho de Oranyan e Yamacemale,
a filha de Elempê ( rei dos Tapás, que havia firmado uma
alinaça com Oranyan).
SÀNGÓ cresceu no país de sua mãe, indo instalar-se
mais tarde em Cosso, onde os habitantes a princípio não
o aceitaram por causa de seu caráter
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violento
e imperioso, mas ele
conseguiu finalmente impor-se pela força.
Dadá Ajaká, filho mais velho de Oranyan, irmão consanguíneo
de Sàngó, reinava então em Òyó. Ele
amava as crianças, a beleza e as árvores. De caráter
calmo e pacífico, ele não tinha a energia que se exigia
de um verdadeiro chefe desta época. Sàngó então
o destronou e Dadá Ajaká exilou-se em Igboho durante os
sete anos do reinado do meio-irmão. Teve portanto que se contentar
em usar uma coroa feita de búzios, chamada de Ade de Baayani. Depois
que Sàngó deixou Òyó, Dadá voltou a
reinar, mas agora valente guerreiro.
De suas irmãs, Sàngó fez suas mulheres e suas guerreiras:
Oya, Oxum e Obá. Ele possui o raio, o fogo e o Xerê (chocalho),
para produzir o trovão. Lutou e destruiu os reis das cidades que
ele ururpou, dando liberdade e justiça ao povo.
Deus do fogo, que pune aos que lhe querem mal com febres e ervas que lhe
são atribuídas. Joga sobre os inimigos sua bala de fogo
através dos raios, chamadas edun-ara (pedra de raio que representa
o corpo de Sàngó, seu símbolo por excelência,
pela mitologia do elemento procriado por um lado e que irmana Sàngó
a Esú por outro lado). Sàngó é o antisímbolo
da morte, ele não fica onde há mortes. Sua dança
preferida é o Alujá, apresentado com toques diferentes,
a dança do machado, a dança da guerra. Brada orgulhosamente
seu Oxé (uma de suas armas) e assim, na cadência, faz o gesto
de quem vai pegar as pedras de raio e lançá-las sobre a
terra, demonstrando seu lado atrevido. Em certas festas traz sobre a cabeça
uma gamela de madeira, que contém fogo que começa a engolir,
revelando a origem de seu fundamento.
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