OBALÚAYÉ

 

O lugar de origem de Obalúayé é incerto, há grandes possibilidades que tenha sido em território Tapá (ou Nupê) e se esta é ou não sua origem seria pelo menos um ponto de divisão dessa crença. Conta-se em Ibadã, que Obalúayé teria sido antigamente o Rei dos Tapás. Uma lenda de Ifá confirma esta última suposição. Obalúayé era originário de Empê (Tapá) e havia levado seus guerreiros em expedição aos quatro cantos da terra. Uma ferida feita por suas flechas tornava as pessoas cegas, surdas, ou mancas. Obalúayé chegou assim ao território Mahi, ao norte de Daomé, batendo e dizimando seus inimigos. Pôs-se a massacrar e a destruir tudo que encontrava à sua frente. Os mahis porém, tendo consultado um Babalaô, aprenderam como acalmar Obalúayé, com oferendas de pipocas. Assim tranquilizado pelas atenções recebidas, Obalúayé mandou-os construir um palácio, onde ele passaria a morar, não mais voltando ao país de Empê. Mahi prosperou e tudo se acalmou. Apesar dessa escolha, Obalúayé continua a ser saudado como Kábiyèsí Olútápà Lempé (Rei de Nupê em país Empê).
Ele é o símbolo da terra, médico dos pobres, senhor das epidemias e deus da bexiga (doença de pele). Corresponde à pele e assim castiga com as doenças da pele: dermatose, varíola, lepra, etc. Como essas doenças começam com vômitos, tem sob sua guarda as plantas estamacais e depurativas. As pústulas das doenças são consideradas "vulcões" (símbolismo), assim como a panela de barro
 
emborcada nos assentamentos do santo simboliza a marca deixada pela doença.
OBALÚAYÉ representa a terra e o sol, aliás, ele é o próprio sol, por isso usa uma coroa de palha (AZÊ) que tampa seu rosto, porque sem ela as pessoas não poderiam olhar para ele. Ninguém pode olhar o sol diretamente. Esta fortemente relacionado com os troncos e os ramos das árvores e transporta o axé preto, vermelho e branco. Sua matéria de origem é a terra e, como tal, ele é o resultado de um processo anterior. Relaciona-se também com os espíritos contidos na terra. O colar que o simboliza é o ladgiba, cujas contas são feitas de semente existente dentro da fruta do Igi-Opê ou Ogi-Opê, palmeiras pretas. Usa também bradga, um colar longo de cauris. OBALÚAYÉ é o patrono dos cauris e do conjunto dos 16 búzios, que reina do instrumento ao sistema oracular: o brendilogun, que lhe pertence. Seu poder está extraordinariamente ligado à morte.
OBA significa Rei (Oni), ILU espíritos e AIYÊ significa terra, ou seja, Rei de Todos os Espíritos do Mundo.
Ele lidera e detém o poder dos espíritos e dos ancestrais, os quais o seguem. Oculta sob o saiote o mistério da morte e do renascimento (o mistério do gênesis). Ele é a própria terra que recebe nossos corpos para que vire pó.
OBALÚAYÉ mede a riqueza com cântaros, mas o povo esqueceu-se de sua riqueza e só se lembra dele como o Orixá da moléstia.